quinta-feira, 14 de outubro de 2010

HOMEM- PÁSSARO

Por onde andas, inesquecível homem?
Em que estradas estás a levantar poeira?
Por que te escondes? De que tens medo?
Não será triste esse teu eterno caminhar?
Esses voôs sem bando, sem companhia?
De que te vale as conquistas do céu, do mar, dos homens ,
de ti mesmo, se te recusas a ter alguém para
compartilhar os louros das vitórias...
E a tua perseverança em esquecer as coisas
que um dia foram uma realidade?
Como o é agora, àquela árvore ali, adiante
onde, num breve pouso descansarás as tuas
asas, que apelidastes de liberdade...

Não, não sei de que te vale tão efemeros momentos...
Onde não tens tempo de conhecer a terra
que casualmente pousastes, nem a sombra
que amigavelmente te acolhe...
Não te sentes sozinho, quando a mente te abandona
e se põe a divagar entre mundos distantes
e seres diferentes?
E o mêdo? Deves ter mêdo...
Não àquele mêdo, que todos nós temos,
Mas um mêdo maior, mais terrível...
O mêdo...
O mêdo...de seres conquistado!

Um frio te percorre a espinha
com a idéia pavorosa da conquista
dos teus passos, dos teus voôs!
Era como se fosse um pássaro tolhido
em pleno voô...
Só com a idéia pavorosa desse momento
Tu te levantas da sombra já mencionada,
E num caminhar cada vez mais lento,
mais curvado
Já com as asas desgastadas pelo uso
E pela poeira dos teus próprios atos,
Segues em frente, deixando atrás de si
Marcas do seu breve pouso,
Além de um lugar vazio, que , quem sabe
só será ocupado pelo vendaval
da saudades, o redemoinho do passado
Que de quando em quando
se faz presente!

Sabe, irriquieto pássaro
minha admiração por ti é infinita...
Tu aprendeste a amar a tua própria companhia...
Pena, que para isso, tenhas desgastado tanto
a tua liberdade!

( Nereida Coelho )

8 comentários:

Joice Worm disse...

Tão sublime como você...

A.Mello-Alter disse...

Há homens que confundem liberdade com individualismo.
Têm medo de dividir.
Não sabem que a felicidade está trocar afectos, perder a solidão.

Canteiro Pessoal disse...

Nereida, arrebatador!

Vá ao jardim que verás uma surpresa.

Abraços

Priscila Cáliga

Irene Moreira disse...

Arrasastes Nereida!!!
O homem pássaro livre leve e solto vive irrequieto.Pousa brevemente, conquista e depois deixa o lugar vazio, deixa a saudade para novamente alçar vôo saboreando a sua liberdade que com o tempo só restará a solidão.

Lindo demais.

Beijos

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Lisboa disse...

Joice querida,obrigada!

Lisboa disse...

Godinho, vc tem toda razão...algumas pessoas confundem mesmo perder a individualidade com perder a liberdade... e são coisas diferentes! A vida ensina aos poucos..

Lisboa disse...

Pri, é sempre com alegria que recebo a sau visita...e a visito! Sinto falta de suas poesias maaravilhosas! Bj no seu coração.

Lisboa disse...

Minha querida Irene, obrigada sempre pelo estímulo que me dás...é inspirador e renovador! Estive lá , amiga , no teu cantinho maravilhoso e comentei a sua linda história! Bj.

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